Os textos e poesias que aqui se encontram, assinados por mim (Simone Tavares), possuem direitos autorais.Os textos, vídeos e imagens de outros autores, são meramente ilustrativos
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"Diário de um deprimido"

Este blog representará para mim, uma ferramenta, como uma das maneiras de sobreviver neste mundo cão, onde ninguém é de ninguém, respeito é coisa rara e consideração é não lhe tirar o ar que respira por simplesmente não o poder! Um mundo onde os hipócritas ditam as regras e os sinceros e honestos são ridicularizados, onde falar o que se pensa ou sente, é demonstração de fraqueza e amar é uma atitude arcaica, uma caretice...onde confiar é ser idiota e se expressar...uma grande perda de tempo!

Simone Tavares.




segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

À luz de velas



Não quero mais a dureza das palavras....
Abdico, do direito a dizer verdades dolorosas...
A contar anedotas cruéis....
Apontar atos venenosos....
Bater forte e intermitentemente no teclado....


Quero a maciez da pluma e a leveza da pena entre meus dedos...
A classe dos tinteiros antigos sobre uma  rústica escrivaninha...
Escrever à luz de velas, embalada pela quietude da noite, mesmo com o sol a pino......



Que isso acabe com minha "visão"...não me importa...
Desde que meus contos deixem de representar desencontros....
E a torpeza da revolta, transforme-se em gratidão honrosa!


Pois não existe pior vilão....
Do que aquele que se sente vítima!

Simone Tavares.

Rascunhos e lágrimas





Não tenho a pretensão, de apagar os rascunhos, tremidos e mal feitos que já desenhei pela vida afora...
Também não quero deixar de criar esboços e fazer rabiscos...

Apenas o que desejo...

É que minha mão se torne mais leve...
As cores mais suaves...

Quero não usar de tanta força, e acabar quebrando a ponta do lápis...e perder tanto tempo, num canto, com apontadores ou giletes afiadas, tentando consertar o que estraguei...
Quero poupar borrachas, na vã tentativa de apagar o que não poderá ser esquecido...

E principalmente...
Que meu punho pare de doer a ponto de fazer lágrimas escorrer!


Simone Tavares.


sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Até que o amor....



De todos os ridículos momentos...
Dos mais ridículos momentos...
Dos mais hipócritas momentos de minha vida...

Estão meus momentos de furtiva felicidade real...
Realmente forçada, em prol de uma sobrevivência fadada ao fracasso, de uma forçada empreitada em um mundo que a muito me é estranho e inóspito...

E pelo qual...
Não tenho muito amor...

Menos ainda...
Boas lembranças...

De um mundo de onde corro fora...até mesmo nos sonhos de cochilo...de breve cochilo, de cinco segundos que seja...

De um mundo no qual somente Deus sabe porque ainda estou...

Castigo...

Existem momentos...
Onde adoraria acreditar nos pensamentos simplistas daqueles que acreditam que nosso destino se resumi no NADA...ou seja: morreu, acabou...

Nos meus maiores momentos de desespero, me contentaria até nos pensamentos pouco mais elevados que consistem em: terra, céu e inferno...


Porque existem momentos em que queria tanto a certeza de que tudo isso acabasse em uma sentença perpétua...
Onde eu fosse julgada e tudo o mais se acabasse...ou seja...nada mais importasse...
Pois o inferno para mim...
Seria um spa...onde não precisaria cuidar de mais ninguém além de mim mesma...
Onde não lamentaria as maldades sofridas através de estranhos...que sabidamente...por mim, ao menos...não me devessem nenhum tipo de consideração, respeito ou carinho...

Porque simplesmente...
Uma vez estando "lá"...
Eu TAMBÉM não me sentiria compelida a atos de afeto e afeição...
Menos ainda...CONSIDERAÇÃO...

Pois uma vez no inferno...subentende-se a ausência de luz...
Da luz do remorso...da compaixão...de qualquer sofrimento que não seja o próprio!

Mas sei que apesar do que faça...a consciência não me abandona...



E virei...vezes e vezes...
Até me entender com os meus: filhos...patriarcas...parentes...conhecidos...vizinhos...amantes...
odiantes...amigos...inimigos...amores...casos...
passatempos...importantes...impontadores e importados...

Ou pior...
Nos esbarraremos...

Até me entender comigo mesma...
Até entender e aceitar o Universo das coisas plenas e desprendidas...
Até perder o medo....
Desaprender o ódio e a mágoa...
O egoísmo...
O orgulho e a soberba...

Saber me doar...
Não sentir vontade de bater...e não me importar em apanhar...


Mas até lá...

Passaremos...todos!...
Por pelejas e mais pelejas...
Até nos acertamos e nos darmos sossego mútuo...

Até que o amor....

Chega a ser ridículo imaginar-me um dia de mãos dadas com "uns"...

Mas é assim...

Para alimento de meu desespero contínuo...
De uma maldita sanidade insana....
Que queria tanto eu...
Que fosse profanamente ilusória...

Mas sei que não é!....

Até que eu e meus desafetos....
Ou, meus desafetos e eu....


Nos entendamos...


Este ciclo enojante...
De traições e decepções...
Desta incessante sensação de solidão, desespero, desassosego e vazio...
Irá se repetir...


Perpétuamente!


Até que o amor....


Possa aplacar esta dor!







Simone Tavares

Viver na Terra...




Viver na Terra...

É como vivenciar um filme de ficção científica...
Onde somos OBRIGADOS a nos juntar aos alienígenas...
Com o único propósito de SOBREVIVER!...

Nos adequar a seus costumes...
Aprender sua linguagem...
E fingir aceitar...

Bem...

Simplesmente...


FINGIR...

Aceitar!

Simone Tavares.

Esboço



Das pequenezas escondidas e gritantes que habitam minha alma...
Encontro, por vezes, sentimentos que me alçam ao infinito da nobreza...
Tropeçando nas nuvens de minhas próprias crenças...tão tolas e imaturas crenças...
Por vezes...me encontro em delírios de sabedoria...
Por vezes...me acho em estado de elevação...
Para, por vezes... cair na indigna desgraça da descrença...agoniante e exaustiva descrença...
Revoltante descrença...
Que não me mostra, senão...um esboço horrível de mim mesma!
Simone Tavares.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Após a guerra...a reconstrução...


Após finda a guerra...
Uma vez instaurada a paz, de nada adianta sentar-se ao chão e chorar pelo que passou...pelo que perdeu.


É hora de arregaçar as mangas e reconstruir!


É isso que se espera de todo Homem...de todos aqueles que constituem o que chamamos de raça humana...
É o que se espera de nós!

Não importa a cor, o credo, a condição social, nem mesmo...a sensibilidade...

Não há tempo...
Não há misericórdia...
Paciência...
Espaço...
Compreensão...

Sentir-se como um fantasma de carne e osso...
Como um ser amputado e incapaz...
Cego...perdido...traumatizado...




Não há lugar para nada disso!

Ainda mais, quando ainda se é "dotado" de pernas, braços...cabeça...
Mesmo que não os consiga utilizar...

Absolutamente nada, te servirá como desculpa!




Não importa...
Se mesmo nos momentos de paz, as imagens da guerra não lhe saem da mente...
Se tens ainda as mesmas sensações...

Os gritos de desespero invadindo seus ouvidos...
O cheiro da pólvora nas narinas...
O gosto de sangue na boca...

A aflição...
O suor...
O medo! 



Não interessa a ninguém...
Se a sua cabeça ainda lateja, se não dormes a noite por conta de pesadelos, se te assustas por qualquer barulho...
E tremes no ressalto...da cabeça aos pés...

És apenas um fraco...e nada mais!

Não importa se sobreviveu honradamente...
Se foi bravo durante toda a luta...
Se enfrentou a tudo de cabeça erguida...
Se auxiliou a todos os que de ti precisaram durante a guerra...



Afinal...
Nenhum deles compareceu ao julgamento...

Quando foste capturado pelas milícias da dita honra e julgado pelo governo da hipocrisia...
Que durante toda a ação, se manteve escondido em gabinete fechado, construído dentro de um túnel, sob um prédio de máxima proteção...

Apontado, fichado...estigmatizado...tratado como um desertor ao fim de tudo...
Por ter sido flagrado...sentado ao chão chorando...morto, mas ainda respirando!




Por não mas conseguir olhar em volta...
Ajudar...
Contribuir...

Afinal...
Não é hora de chorar e se lamentar...
É hora de se reerguer e readaptar...
É hora de celebrar...


É hora de reconstruir!




Levantar as paredes...
Enfeitar os salões...
Tocar a música...
Servir os drinks...



Trocar as vestes lúgubres...
Pelos trajes comemorativos...

E fingir...

Fingir que tudo está bem...
E que nada de ruim...aconteceu!



Simone Tavares

terça-feira, 30 de agosto de 2011

À mesa da carne terrena


À mesa da carne terrena...

Gozando de refeição feita de fígado, sangue e vísceras...
Banhada no óleo ardente da intolerância...
Após embebida longamente na salmoura das paixões contidas....

Contidas de desilusão, violência e incompreensão...

Eis que é farta a mesa dos injustos....
Roncam as panças dos românticos...
E indigestas são as funções dos inocentes!


Simone Tavares

sábado, 20 de agosto de 2011

Espelho de circo


Espelho de circo...
De nuances disformes...
Reflexos distorcidos...
Que tanto me confundem e causam sofrimento...

Em suas teias duras e quebradiças...
Sou obrigada a me sustentar...
Me envolver...
Me deixar levar...
Pois, quanto mais me debato...
Mais me enrosco...

Como peixe no anzol!

Ahhh espelho de circo...
Quem dera um dia em ti poder me refletir...


Sei que não é justa esta minha pedida...
Pois a forma não é de sua natureza...
E a fôrma se encontra agora quebrada...
Quebrantada...
Em farelos de poeira cristalizada...


Sei o quanto também sofres e te arranhas...
Por saber que não posso em ti me mirar...


Porque mesmo em suas limitações de constância...
E a fraqueza das veias...
No fluxo continuamente interrompido...

Percebo a fidelidade das intenções!


Simone Tavares

Alma



Alma nobre...
Alma pobre...
Alma velha...
Alma sábia...
Alma moderna...
Alma jovem...

Alma...
Equivocada!




Alma plena...
Alma sadia...
Alma doente...
Alma acamada!

Alma alegre...
Alma feliz...
Alma doce...
Alma amarga...
Alma fértil...
Alma estéril...



Alma...
Sempre alma!

Para sempre a alma em pedaços...
Eternamente alma conjunta!

Alma em epifania...
Alma em desencontro com a alma...

Alma em estado de espírito...
Espírito em estado d'alma...

Alma generosa...
Alma egoísta...

Alma na carne...
Alma na lama...
Alma no céu!



Alma no eterno...
Pairando sobre nossas cabeças...

Alma neste mundo...
Alma deste mundo...

Alma penada...
Lutando para se redimir!



Alma em mim...
Alma em ti...
Brigando por um espaço em seu saber....

Alma que nem liga...
Alma que se inquieta...

Alma completa em desespero...
Alma em fragmentos de desassossego...
Que não ouve ou faz ouvir a si mesma...

Alma em mim...
A me incomodar...

Alma em ti...
Que não cabe em si...
No anseio de te abordar...

Alma em ápice...
Desejando apenas...
Que em breve...
Possam se encontrar!



Simone Tavares

Saudades da infância


Querida...

Éramos mais sábias quando éramos mais ingênuas....
Pois, sem dúvida...
Éramos melhores e mais felizes!

Nós mudamos...
Sim!
Mudamos!!!

Mas e daí...?!

E o mundo...

Tornou-se melhor ou mais fácil com isso?!

Você se sente hoje...
Mais realizada que ontem?!...

Eu não sei você...

Mas eu me sinto pior...
Mais incompleta...
E muito...
Muito mais infeliz!




As vezes penso no trecho da música...
"O acaso vai me proteger, enquanto eu andar distraído"...

Parece que o acaso traz mais disgosto quando se está em alerta...
Como se isso atraísse as piores coisas...

Embora sabendo que não estamos aqui à passeio...
Que se não olhar para os lados antes de atravessar...
Serei atropelada...

Sinto saudades de fechar os olhos...
De poder confiar...
De acreditar no rosa e não enxergar o cinza...

Sinto falta da ingenuidade e do desprendimento...

Sinto falta do tempo em que éramos amigas, irmãs, companheiras e rivais apenas quanto a qualidade de nossos brinquedos...
Quando você me convencia de que a boneca morena era mais bonita que a loira e me fazia trocar a minha pela sua...
De quando quebrávamos o pau por uma simples fofolete...

Sinto falta do tempo, em que éramos tão bobas, que todo mundo nos passava a perna...
Pois olho para trás...
E vejo que nos tornamos como eles!


Simone Tavares

Acordei

Acordei...

Acordei que estava errada...
Me vi em nova concordata...
De mais uma história falida...

Acordei de um sonho...
Mas algum pesadelo ainda me perseguia...
Se arrastava por baixo da cama...
Se escondia pelo canto da sala...
Espreitava no quintal...
Preparava tocaia atrás do portão...

O poste velho e mal conservado...
Fios desencapados prestes a entrar em curto...
Concreto concretamente puído...

As traças devoraram minhas fotos...
Determinando o feio em minhas lembranças mais bonitas...

O tempo amarelou o vestido branco...
Tornando demodê certas coisas...
Certas memórias feitas de modismo barato...

Os ratos cavucaram meu quintal...
Tornando inviável a colocação de um banquinho contemplativo entre as flores...

De um balanço agradável...
Veio o desequilíbrio...

O vento trazia a poeira da rua...
O som do asfalto...
A gritaria das sirenes...
A estupidez...
A ignorância...

Mas você...
Talvez você ainda estivesse a salvo...

Parmanecendo livre...
De alguma mácula...
E de todos os vícios...

Contemplando as estrelas...
Acreditando no bom...
Torcendo por todos...
Cheio de esperança...
Amando incondicionalmente...


Simone Tavares

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Do tempo em que eu era mais tola, porém, melhor!

Parabólica

Engenheiros do Hawaii

Composição: Humberto Gessinger
Ela pára
E fica ali parada
Olha-se para nada
(paraná)
Fica parecida
(paraguaia)
Pára-raios em dia de sol
Para mim
Prenda minha parabólica
Princesinha parabólica
O pecado mora ao lado
E o paraíso... paira no ar
... pecados no paraíso ...
Se a tv estiver fora do ar
Quando passarem
Os melhores momentos da sua vida
Pela janela alguém estará
De olho em você
Completamente paranóico
Prenda minha parabólica
Princesinha clarabólica
Paralelas que se cruzam
Em belém do pará
Longe, longe, longe (aqui do lado)
(paradoxo: nada nos separa)
Eu paro
E fico aqui parado
Olho-me para longe
A distância não separabólica




Ando Só

Engenheiros do Hawaii

Composição: Humberto Gessinger
ando só
pois só eu sei
pra onde ir
por onde andei
ando só
nem sei por que
não me pergunte
o que eu não sei

pergunte ao pó
desça o porão
siga aquele carro
ou as pegadas que eu deixei
pergunte ao pó
por onde andei
há um mapa dos meus passos
nos pedaços que eu deixei

desate o nó
que te prendeu
a uma pessoa que nunca te mereceu
desate o nó
que nos uniu
num desatino
um desafio

ando só
como um pássaro voando
ando só
como se voasse em bando
ando só
pois só eu sei andar
sem saber até quando
ando só

terça-feira, 2 de agosto de 2011


"Elevada percentagem das personalidades humanas traz, no imo do próprio ser, raízes e brechas
de comunhão com o pretérito de sombra, através dos quais são suscetíveis de sofrer
os mais estranhos processos de obsessão oculta - a se reavivarem, constantes, nos diversos períodos
etários que correspondem ao tempo de formação dos débitos cármicos que buscam equacionar no corpo terrestre."
PENSAMENTO E OBSESSÃO - O estudo da obsessão, conjugado à mediunidade, se realizado em maior amplitude, abrangeria o exame de quase toda a Humanidade terrestre.
Expressamos tal conceito, à face do pensamento que age e reage, carreando para o emissor todas as fecundações felizes ou infelizes que arremessa de si próprio, a determinar para cada criatura os estados psíquicos que variam segundo os tipos de emoção e conduta a que se afeiçoe.
Enquanto não se aprimore, é certo que o espírito padecerá, em seu instrumento de manifestação, a resultante dos próprios erros. Esses desajustes, como é natural, não se limitam à comunidade das células físicas, quando em disfunções múltiplas por força dos agentes mentais viciados e enfermiços; estendem-se, muito especialmente, à constituição do corpo espiritual, a refletir-se no cérebro ou gabinete complexo da alma, aí ocasionando os diversos sintomas de perturbação do campo encefálico, acompanhados dos fenômenos psico-sensoriais que produzem alucinações e doenças da mente.

PERTURBAÇÕES MORAIS - Não nos propomos analisar aqui as personalidades psicopáticas, do ponto de vista da Psiquiatria, nem focalizar as chamadas psicoses de involução , ou as demências senis, claramente necessitadas de orientação médica; recordemos, contudo, que na retaguarda dos desequilíbrios mentais, sejam da ideação ou da afetividade, da atenção e da memória, tanto quanto por trás de enfermidades psíquicas clássicas, como, por exemplo, as esquizofrenias e as parafrenias , as oligofrenias e a paranóia , as psicoses e neuroses de multifária expressão, permanecem as perturbações da individualidade transviada do caminho que as Leis Divinas lhe assinalam à evolução moral. Enquanto se lhe mantém a internação no instrumento físico transitório, até certo ponto ela consegue ocultar no esconderijo da carne os resultados das paixões e abusos, extravagâncias e viciações a que se dedica.
Assim vive na paisagem social em que transita, até que, arredada de semelhante vaso pela influência decisiva da morte, não mais suporta o regime de fantasia, obrigando-se a sofrer, em si própria, as conseqüências dos excessos e ultrajes com que, imprevidente, se desrespeitou.
Torturada por suas próprias ondas desorientadas, a reagirem, incessantes, sobre os centros e mecanismos do corpo espiritual, cai a mente nas desarmonias e fixações conseqüentes e, porque o veículo de células extrafísicas que a serve, depois da morte, é extremamente influenciável, ambienta nas próprias forças os desequilíbrios que a senhoreiam, consolidando-se-lhe, desse modo, as inibições que, em futura existência, dominar-lhe-ão temporariamente a personalidade, sob a forma de fatores mórbidos, condicionando as disfunções de certos recursos do cérebro físico, por tempo indeterminado.

ZONAS PURGATORIAIS - Entendendo-se que todos os delinqüentes deitam de si oscilações mentais de terrível caráter, condensando as recordações malignas que albergam no seio, compreendemos a existência das zonas purgatoriais ou infernais como regiões em que se complementam as temporárias criações do remorso, associando arrependimento e amargura, desespero e rebelião.
Na intimidade dessas províncias de sombra, em que se agrupam multidões de criminosos, segundo a espécie de delito que cometeram, Espíritos culpados, através das ondas mentais com que essencialmente se afinam, se comunicam reciprocamente, gerando, ante os seus olhos, quadros vivos de extremos horror, junto dos quais desvairam, recebendo, de retorno, os estranhos padecimentos que criaram no ânimo alheio.
Claro está que, embora comandados por Inteligências pervertidas ou bestializadas nas trevas da ignorância, esses antros jazem circunscritos no Espaço, fiscalizados por Espíritos sábios e benfazejos que dispõe de meios precisos para observar a transformação individual das consciências em processo de purificação ou regeneração, a fim de conduzi-las a providências compatíveis com a melhoria já alcançada.
Semelhante supervisão, entretanto, não impede que estas vastas cavernas de tormento reeducativo sejam, em si, imensas penitenciárias do Espírito, a que se recolhem as feras conscientes que foram homens. Aí permanecem detidas por guardas especializados, que lhe são afins, o que nos faz definir cada "purgatório particular" como "prisão-manicômio", em que as almas embrutecidas no crime sofrem, de volta, o impacto de suas fecundações mentais infelizes.
Tiranos, suicidas, homicidas, carrascos do povo, libertinos, caluniadores, malfeitores, ingratos, traidores do bem e viciados de todas as procedências, reunidos conforme o tipo de falta ou defecção a que se renderam, se examinados pelos cientistas do mundo apresentariam à Medicina os mais extensos quadros para estudos etiológicos das mais obscuras enfermidades.
Deduzimos, assim, que todos os redutos de sofrimento, além túmulo, não passam de largos porões do trabalho evolutivo da alma, à feição de grandes hospitais carcerários para tratamento das consciências envilecidas.

REENCARNAÇÃO DE ENFERMOS - Dos abismos expiatórios, volvem à reencarnação quantos se mostrem inclinados à recuperação dos valores morais em si mesmos.
Transportados à novo berço, comumente entre aqueles que os induziram à queda, quando não se vêem objeto e amorosa ternura por parte de corações que por ele renunciam à imediata felicidade nas Esferas Superiores, são resguardados no recesso do lar.
Contudo, renascem no corpo carnal espiritualmente jungidos às linhas inferiores de que são advindos, assimilando-lhes, facilmente, o influxo aviltante.
Reaparecem, desse modo, na arena física. Mas, via de regra, quando não se mostram retardados mentais, desde a infância, são perfeitamente classificáveis entre os psicopatas amorais , segundo o conceito da "moral insanity", vulgarizado pelos ingleses, demonstrando manisfesta perversidade, na qual se revelam constantemente brutalizados e agressivos, petulantes e pérfidos, indiferentes a qualquer noção da dignidade e da honra, continuamente dispostos a mergulhar na criminalidade e no vício.
Aqueles Espíritos relativamente corrigidos nas escolas de reabilitação da Espiritualidade desenvolvem-se, no ambiente humano, enquadráveis entre os psicopatas astênicos e abúlicos , fanáticos e hipertímicos, ou identificáveis como representantes de várias doenças e delírios psíquicos, inclusive aberrações sexuais diversas.

OBSESSÃO E MEDIUNIDADE - Tais enfermos da alma, tantas vezes submetidos, sem resultado satisfatório, à insulina e à convulsoterapia, quando recomendados ao auxílio dos templos espíritas, poderão ser tidos como médiuns? Sem dúvida, são médiuns doentes, afinizados com os fulcros de sentimento desequilibrado de onde ressurgiram para novo aprendizado entre os homens.
Por certa quota de tempo, são intérpretes de forças degradadas, às quais é preciso opor a intervenção moral necessária, do mesmo modo que se prescreve medicação aos enfermos.
Trazendo consigo as seqüelas ocultas da internação na província purgatorial, de que volvem pela porta do berço terrestre, exteriorizam ondas mentais viciadas que lhes alentam as disfunções dos implementos físicos, ondas essas pelas quais recolhem os pensamentos das entidades inferiores a lhes constituírem a cobertura da retaguarda.
Apesar disso, devem ser acolhidos nos santuários do Espiritismo por medianeiros de planos que é preciso transformar e ajudar, porquanto um Espírito renovado para o Bem - Lei do Criador para todas as criaturas - é peça importante para o reajustamento geral dessa ou daquela engrenagem conturbada na máquina da vida.

DOUTRINA ESPÍRITA - Forçoso é considerar que a atividade religiosa, digna e venerável, em qualquer setor da edificação humana, exprime socorro celeste aos desajustes morais de quantos se demoram na reencarnação, buscando a restauração precisa.
E, compreendendo-se que elevada percentagem das personalidades humanas traz, no imo do próprio ser, raízes e brechas de comunhão com o pretérito de sombra, através dos quais são suscetíveis de sofrer os mais estranhos processos de obsessão oculta - a se reavivarem, constantes, nos diversos períodos etários que correspondem ao tempo de formação dos débitos cármicos que buscam equacionar no corpo terrestre -, é justo encarecer, assim, a oportunidade e a excelência do amparo moral da Doutrina Espírita, como sendo o recurso mais sólido na assistência às vítimas do desequilíbrio espiritual de qualquer matiz, por oferecer-lhes, no estudo nobre e no serviço santificante, o clima indispensável de transmutação e harmonização, com que se recuperem, no domínio dos pensamentos mais íntimos, para assimilarem a influência benéfica dos agentes espirituais da necessária renovação.
  

(MECANISMOS DA MEDIUNIDADE, Cap. XXIV, André Luiz/Chico Xavier/Waldo Vieira, FEB)

Imagem Original: William Whitaker
Formatação exclusiva para o Site Espírita André Luiz: Lori Marli dos Santos

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Na penumbra


Na penumbra da noite vi seu rosto...
Sua apagada silhueta
Sua sombra disforme...
Sua face transparente....
Seus olhos....
Raivosos olhos....


Me observando pela janela...
Lábios torcidos de amargura...
Raiva...
Ciúmes..
Inveja e...
Saudades... 


A inconformidade estava clara em seu olhar...
O desejo latente por algo improvável de se ter de novo.


A tortura de suas imanações...
Começam a se refletir em mim...
A inquietação...
O medo...
A insônia...
O cansaço....
........
A revolta! 

O ressentimento "aparentemente" sem motivo...
Direcionado não somente a mim....
Mas também....
Àquele que descansa inocente ao meu lado!

Como que traído em todos os brios possíveis e cabíveis nas ilusões humanas...
De um homem....
Amargurado e ressentido....
Traído!

Por mais que não o fosse...
Era como se o fora....

Entre a realidade e o sentir....
Somente o sentir fazia-lhe sentido!



O ódio....

Ecoava-lhe na mente....
Tamborilava no coração descompasso....
Sem harmonia plausível....
Sem nenhum som audível....
Nem mesmo ante o uso de um estetoscópio terreno!
Pulsava em seu sangue....
Já escoado sangue amargado...coagulado...seco...e inexistente!

Transcendendo a matéria feita de tijolos...
De supetão....
Já está então ao meu lado...
Caminhando... impaciente de um lado para o outro dentro de meu quarto...


Da cabeceira....
Aos pés da cama....
Em completa agonia coberta de desespero...

Olha-me  como quem não acredita naquilo que vê....

Desgosto....
Esta é a palavra!...

Daquilo que sentias naquele momento....
De segundos....
Que pareciam horas....
Tanto pra mim....
Quanto pra ti....



Quanto para aquele....
Que em vigília inconsciente....
Abandonado em corpo letárgico e vulnerável...
Gemia e se debatia....
Cercado de sombras de pesadelos ao meu lado....



Simone Tavares
 

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