Os textos e poesias que aqui se encontram, assinados por mim (Simone Tavares), possuem direitos autorais.Os textos, vídeos e imagens de outros autores, são meramente ilustrativos
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"Diário de um deprimido"

Este blog representará para mim, uma ferramenta, como uma das maneiras de sobreviver neste mundo cão, onde ninguém é de ninguém, respeito é coisa rara e consideração é não lhe tirar o ar que respira por simplesmente não o poder! Um mundo onde os hipócritas ditam as regras e os sinceros e honestos são ridicularizados, onde falar o que se pensa ou sente, é demonstração de fraqueza e amar é uma atitude arcaica, uma caretice...onde confiar é ser idiota e se expressar...uma grande perda de tempo!

Simone Tavares.




terça-feira, 21 de junho de 2011

Quando estávamos juntos....



Quando estávamos juntos....

Eu estava parindo e não seguraste minha mão...

Estava brindando e não levantaste tua taça...

Pedi silêncio, aumentaste o som...

Estava sangrando e não me pretaste socorro...

Nosso filho nasceu...
Não me ajudaste a escolher seu nome...

Minhas alegrias chegaram...
Não compartilhaste comigo a felicidade...

Me entristeci...
Não soubeste ser paciente...

Me feri...
E não se comoveu...

Corri risco de vida...
Me esvaindo em hemorragia...
Não soubeste sequer ser solidário...
Me negando até mesmo o consolo...
De tê-lo como simples doador.




Simone Tavares

Meu silêncio



No meio de toda esta zueira...
Neste mar de interrupções...

Eu queria tanto o silêncio...

Ahhhh...
O doce e insurdível silêncio....

O silêncio das almas caminhando pelos cômodos...
Tão incômodas e silenciosas como os pensamentos e o vento na janela...
Que não são capazes de interromper minhas ações...
Mesmo quando atuam sobre minhas reflexões...



Agindo direta e indiretamente como obstáculos ou pontes, inerentes a mim,e somente a mim...


Aos quais, eu garanto...
Não incomodariam  ninguém...


Se ao menos fizessem silêncio.



Simone Tavares.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Por quê?



Por que será que os desejos mais simples...
São sempre os mais difíceis e até impossíveis de serem atendidos?

Por que é mais fácil para alguns...
Criar um clima de ostentação ao nos presentear com um objeto caro de alta tecnologia...

Do que enxergar o valor...
De uma simples flor?


Simone.

A você...meu silêncio.


Não há mais nada a falar, que eu já não tenha falado...

Não há nada a explicar, que já não tenha explicado...

Não há mais nada a pedir...
que eu já não tenha exaustiva e humilhantemente implorado!

Simone Tavares.

Boneca de pano


Bonequinha de pano em farrapos...



Preenchida de migalhas de pão e macela...
De retalho em retalho foi tomando forma...
Invadida por traças...

Destroçada...
Devorada pelos corvos...
Sangrando farelos...
Sentindo de novo as fisgadas da agulha a lhe remendar...

Jogada num canto...
Até que alguém queira contigo brincar...

Sente outra vez...
O contato de mãos sem tato...
Sem cuidado...
Sem zelo...

Coraçãozinho de romã...
Se partindo em sementes infrutíferas...
O som das gralhas penetrando insistente...
Em seu sistema nervoso ausente.


Bonequinha de pano que chora...
Fazendo o cheiro do campo exalar por seus trapos...
Trazendo no inconsciente...
A lembrança dos tempos em que já fora inteira...


Uma colcha...
Um lençol...
Ou cortina...
Nada muito significante...
Mas inteira!
Imaculada...
Autêntica!

Bem diferente do que é hoje...
Essa bonequinha  sem identidade...
Remendada e imortalizada...
Bonequinha de pano em farrapos!


Simone Tavares.

Meu momento.


Não pretendo criar problema a ninguém...
Apenas me manter afastada por um tempo...

Não é por mal...
Apenas meu jeito.

Que peço à Deus...
Seja respeitado!

Simone Tavares.

Chuveiro.


O copo se secando...
A alegria se esvaindo...

Dirige-se ao banheiro...
Abre o chuveiro...

A água do banho...
Leva embora seus delírios...
Lhe transporta a realidade...
Lhe transborda em tristeza...
Fortalece sua dor.


Como se removida fôra...
Sua casca protetora.


..................................................

Por isso o deprimido...depressivo...
Evita banho e asseio...

Pois diante da água corrente...
Tudo lhe vem à tona!

O choque da descarga elétrica conduzida pela água...
Percorre por todo corpo...
Atingindo a alma em cheio.

Suas dúvidas se animam...
Suas certezas o enlouquecem...
Suas lembranças e insatisfações se descortinam...
O cérebro se agita e o coração aperta...

A limpeza corporal...
Torna mais nítida a dor e mácula moral...
Tornando um simples ato...
Numa atitude desumana para consigo mesmo...
Por lhe arrebatar da afasia e esquecimento...
Obrigando-o a encarar, mesmo que por alguns minutos...
A realidade que o cerca...
De um cotidiano de hábitos, vícios e costumes...
Que gostaria de não participar e poder negar infindávelmente.
......................................................

Concluído o gesto que "deveria" ter-lhe renovado positivamente ...

Fecha então o chuveiro...
Secando a água salgada que se misturou em suas faces.

Por alguns instantes mantém-se a olhar o ralo...
Por onde se escoam suas poucas ilusões e fantasias.

Tomando em mãos a toalha...
Tenta em vão se livrar do desespero.

Após tentar desembaçá-lo...
Mira-se no espelho...
Baixando os olhos com vergonha de sua vermelhidão e inchaço...
Corando diante de sua fraqueza.

Respira fundo e prepara-se para voltar a fingir!

A custo...abre a porta e sai de fininho...
Pedindo à Deus consiga apenas uns minutos a sós para se recompôr.


Simone Tavares.





Meu sonho de amor.


Meu sonho de amor...
Que se desfaz como se em névoa eu tocasse...

Que escoa como uma represa rompida...

Que despenca do céu, me afogando em sofrimento.

Como um fantasma ao lado de um túmulo incógnito, em cemitério vazio...

Do qual me despeço ao soltar as alças do caixão...

Fazendo uma prece...
Rezando pra te esquecer.

Oração que não é atendida...
Pois a memória é teimosa...
E a paz não se faz merecida.


Simone Tavares.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Perda


Enquanto um espírito repousa...
Se dissipa...
Se desprende...



Em outro canto...
Um coração sofre...


No silêncio...
O grito de uma alma em agonia...
A dor da perda expressada apenas em gestos...



Nada mais havia a se dizer...
Tudo já se fazia concretizado...



E chorar....
Era a única atitude digna a se ter naquele momento!



Simone Tavares.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Lixo


Crescendo sendo tratado feito lixo...
Fadado estava a agir como tal.

Eis que um dia exalará odor fétido sob as camas daqueles que o fizeram sentir assim...

Tal será seu costume de se aproximar e revirar os latões que durante a vida encontrar...

Que um dia tombará as caçambas alheias...
Expondo ao mundo seu conteúdo vergonhoso...
Os segredos agridoces daqueles que perante ele sempre posaram de perfeitos.

Seu olfato aguçado à semelhança atrativa daquilo que lhe passa a ser familiar...
O fará farejar e reconhecer o cheiro acre onde quer que o encontrar.


Abrindo armários...
Cavando quintais...
Descobrindo e desenterrando cadáveres e esqueletos, a muito guardados e escondidos.
Denunciando crimes...
Apontando culpados!

Trazendo à tona os defeitos e responsabilidades daqueles que tão substancialmente participaram de sua transformação...
De saudável caminhante a um errante em decomposição!



Simone Tavares.

Fantasmas



Uma legião de fantasmas acaba de me invadir...
Tomam-me o corpo e tornam o peso insuportável!

Mais uma vez...o simples ato de me levantar da cama, exigi de mim uma força herculiana.

O choro sufocado na garganta...
está prestes a eclodir!

Tenho que ficar atenta, para não explodir em rompantes!

Os espectadores, parece que em todo canto tem sempre um, me olham...
E não entendem nada.
Afinal...
Eu agora a pouco estava bem!

Me indagam o por que daquilo...
Quisera eu poder responder!
Não somente poder explicar...
Queria poder resolver e disso me livrar.
Quisera eu...
Que para isso houvesse um antídoto, ao qual pudesse injetar em mim mesma aos primeiros sintomas e desconfortos...
Como os diabéticos, que têm a seu lado as ampôlas de insulina.

Uns dizem que é falta de fé...
Decidem orar por mim, e me aconselham a procurar uma igreja.
Outros gritam que é preguiça e comodismo.
Tem até quem me ache louca, ou simplesmente ingrata para com a vida.

Como posso a eles fazer entender que são os fantasmas?!

Simplesmente...
Os fantasmas!

Fantasmas que me assombram dia e noite...
Em sonho ou vigília.

Que os culpados são os leões de minha alma...

Que vivem dentro e fora de mim...
Que vivem ao meu redor, dividem comigo a mesa, repartindo a refeição e multiplicando angústias e tristezas; fortalecendo ilusões e somando mágoas infindávelmente.
 
Bestas que contenho a muito custo e empenho, mas somente por algum tempo, munida apenas de chicote e cadeira.

 
Leões, que toda vez que me distraio, com a balbúrdia da excitação causada por frívolos truques de mágica cotidiana feitas de aplausos, risos ou gritos de discórdia e destempero, deste circo de lona mal conservada onde me encontro, e baixo a guarda por um momento...
De maneira matreira e agressiva, me atacam, derrubam e trucidam.

Deixando-me feridas e buracos na carne...
Por onde não tardam a invadir-me os fantasmas!

Parece que penetram minha pele, no momento em que estou caída no picadeiro...
Deitada sobre um forro de serragem misturada a sangue.
Ou talvez me entrem nas veias durante o socorro e transfusão, provocando uma instantânea infecção!
Me anuviam os olhos...
Confusa fica a cabeça...
Meus órgãos vitais são os próximos a serem atacados.

Permaneço na cama...
Por horas que parecem dias...
Por dias que parecem noites.
Onde me são ministradas doses de piedade e incompreensão...
Que me descem extremamente amargas pela garganta!

Na penumbra captada pelo canto do olho no corpo estático...
Através dos olhos propositadamente vendados...
Vejo-os se afastando um pouco e aos poucos...
Agachando-se a espreita de uma nova oportunidade.
Encolhidos a um canto esconderijo...
Papeando sentados...
Nas alcovas escuras de minhas amarguras! 



Simone Tavares.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Será que tanto faz?!?!?!..........



Para morrer, basta estar vivo...
Basta estar vivo para morrer!

Para estar vivo, basta morrer...
Basta morrer para estar vivo!

Vivo na lembrança...
Nos sonhos e pesadelos daqueles que deixamos para trás...

Na memória da saudade...
Ou no alívio da ausência!


É preciso decidir...



Antes que tudo se acabe...e nos tornemos como a areia da calçada...varridos para rua...e levados pela chuva!


Simone Tavares.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Liberdade

 Outro dia ouvi na TV algo que me fez rir muito, pela ironia com toque de humor negro:
 
"A liberdade é uma corda e Deus quer que você se enforque com ela."



Autor desconhecido.

Paranóia



Nóia...
Pode ter sido nóia...
Mas pra estar noiada algum motivo teria.

Ataquei sem pensar...
Mas foi necessário sentir...

Senti raiva...
Senti pena...
Senti remorso.

O pote se encheu e não pude conter a enxurrada!

Me arrependi...
Fiz com que se arrependesse.

Gritei e você chorou!

Respeito é bom e eu gosto...
A droga é conquistá-lo...
Merecê-lo...
Mantê-lo.

Cristal delicado...
Que por qualquer coisa se quebra.

No placar, um empate...
No tatame, dois corpos arfantes...
No espelho quatro olhos úmidos e vermelhos...
E não me refiro a mim usando óculos...
Não...
Não era eu de óculos engraçadinho...
Éramos eu e minha vítima...
Minha presa...
Meu algoz...
Carcereiro e carrasco.

Na verdade erámos quatro...
Cada um de nós devidamente acompanhado...
Cada qual de seu orgulho ridículo e idiota!



Simone Tavares.

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