Tomam-me o corpo e tornam o peso insuportável!
Mais uma vez...o simples ato de me levantar da cama, exigi de mim uma força herculiana.
O choro sufocado na garganta...
está prestes a eclodir!
Tenho que ficar atenta, para não explodir em rompantes!
Os espectadores, parece que em todo canto tem sempre um, me olham...
E não entendem nada.
Afinal...
Eu agora a pouco estava bem!
Me indagam o por que daquilo...
Quisera eu poder responder!
Não somente poder explicar...
Queria poder resolver e disso me livrar.
Quisera eu...
Que para isso houvesse um antídoto, ao qual pudesse injetar em mim mesma aos primeiros sintomas e desconfortos...
Como os diabéticos, que têm a seu lado as ampôlas de insulina.
Uns dizem que é falta de fé...
Decidem orar por mim, e me aconselham a procurar uma igreja.
Outros gritam que é preguiça e comodismo.
Tem até quem me ache louca, ou simplesmente ingrata para com a vida.
Como posso a eles fazer entender que são os fantasmas?!
Simplesmente...
Os fantasmas!
Fantasmas que me assombram dia e noite...
Em sonho ou vigília.
Que os culpados são os leões de minha alma...
Que vivem dentro e fora de mim...
Que vivem ao meu redor, dividem comigo a mesa, repartindo a refeição e multiplicando angústias e tristezas; fortalecendo ilusões e somando mágoas infindávelmente.
Bestas que contenho a muito custo e empenho, mas somente por algum tempo, munida apenas de chicote e cadeira.
Leões, que toda vez que me distraio, com a balbúrdia da excitação causada por frívolos truques de mágica cotidiana feitas de aplausos, risos ou gritos de discórdia e destempero, deste circo de lona mal conservada onde me encontro, e baixo a guarda por um momento...
De maneira matreira e agressiva, me atacam, derrubam e trucidam.
Deixando-me feridas e buracos na carne...
Por onde não tardam a invadir-me os fantasmas!
Parece que penetram minha pele, no momento em que estou caída no picadeiro...
Deitada sobre um forro de serragem misturada a sangue.
Ou talvez me entrem nas veias durante o socorro e transfusão, provocando uma instantânea infecção!
Me anuviam os olhos...
Confusa fica a cabeça...
Meus órgãos vitais são os próximos a serem atacados.
Permaneço na cama...
Por horas que parecem dias...
Por dias que parecem noites.
Onde me são ministradas doses de piedade e incompreensão...
Que me descem extremamente amargas pela garganta!
Na penumbra captada pelo canto do olho no corpo estático...
Através dos olhos propositadamente vendados...
Vejo-os se afastando um pouco e aos poucos...
Agachando-se a espreita de uma nova oportunidade.
Encolhidos a um canto esconderijo...
Papeando sentados...
Nas alcovas escuras de minhas amarguras!
Simone Tavares.
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