Me vem como impulso frenético e irresistível...
Uma fascinação...
Um êxtase...
Um transe...
Palavras que bailam na mente...
Como estando numa pista de dança de braços cruzados, tentando não me envolver...
Quando aproxima-se alguém...de mãos estendidas...insistentes...
Me arrastando para o núcleo da nave...
Me obrigando a participar...me abraçando...me envolvendo...
Em meus ouvidos bradando para eu registrar o que sinto...o que vejo...noto, anoto e percebo...
Dentro do que vai aqui dentro...dentro do peito...nas entranhas de meus sentimentos e percepções aguçadas e ao mesmo tempo...
Tão distraídas...
Registrar o que me salta aos olhos...
O que está documentado na história natural do homem em desenvolvimento e em crise...
E acima de tudo, as viagens de minha
"imaginação"...
Loucas viagens...
Viagens sem rumo...
Sem destino...
Cheias de paradas...
E repletas de recomeço...
Viagens sem meio e sem fim...
Arrastando bagagem pesada...
Jogando-a ao chão de quando em quando...
Me arriscando como pássaro novo que ainda não sabe voar e mesmo assim se precipita ao abismo...
Rastejando como réptil pré-histórico, de escamas densas e difíceis de transportar...carapaça dura...endurecida...que vez por outra abandona...
Pondo-se ...vulnerável...sensível...compassivo...
terno e humano...
A mercê de todo tipo de sentimento e sofrimento...Desprotegido como uma criança mal chegada ao mundo...
Descrente como um velho ancião decepcionado e amargurado...
Dócil como ovelha recém nascida...
Áspero como um velho lobo esfomeado...
Antagonista...traidor de si mesmo!
Alguém que odeia o mundo...
Odeia a vida...
E ao mesmo tempo...
Anseia por viver!
Viver um mundo justo...
Viver sentimentos verdadeiros...
Dentro de uma reciprocidade conjunta, que seja dominada por boas ações e verdadeira solidariedade e respeito.
Um mundo onde, "com licença, obrigado e por favor"...coroem as cabeças dos injustos e causadores de mágoas e problemas, evitando as tantas margens de conflitos e mal entendidos que permeiam o convívio social...harmonizando a paisagem...o meio como um todo.
Um mundo onde uns não tenham que servir e sujeitar-se a todo o tempo, sem sequer o reconhecimento que se faz por meio da gratidão...do respeito...da educação...e da cortesia...
Órfãos da lembrança de suas boas ações...injustiçados, humilhados e sem nenhum direito a participação nas alegrias que tornam possíveis àqueles que gozam de seu amor,trabalho e dedicação...onde o conceito de "família" é utilizado para a manipulação do cabresto emocional, sendo reduzida esta palavra: "família", a mero termo enganoso e corporativista, até mesmo e "principalmente", onde esta deveria se aplicar como termo literal, ou seja, dentro de sua própria casa, junto a amigos, em meio aos seus.
Um mundo onde a mulher não sofra preconceitos...o homem não seja explorado...e a criança não seja abandonada ou maltratada.
Só que, o mundo de meus desejos...de nossos desejos...mostra-se no entanto, ainda,apenas como fruto de uma imaginação utópica, tola e infantil...de filósofos imaturos...de poetas amadores.
E assim sendo...
É nesta pista que eu me recuso a dançar...
É desta quadrilha que me abstenho de participar...
É esta música que tento fingir não ouvir...
São nestes fatos que gostaria de não pensar nem mencionar...
São estes sentimentos que adoraria não
registrar.
Mas aí...
Vem o impulso...frenético e irresistível...
Uma fascinação...
Um êxtase...
Um transe...
Palavras que bailam na mente...
Como estando numa pista de dança de braços cruzados, tentando não me envolver...
Quando aproxima-se alguém...de mãos estendidas...insistentes...
Me arrastando para o núcleo da nave...
Me obrigando a participar...me abraçando...me envolvendo...
Em meus ouvidos bradando para eu registrar o que sinto...o que vejo...noto, anoto e percebo...
Dentro do que vai aqui dentro...dentro do peito...nas entranhas de meus sentimentos e percepções aguçadas e ao mesmo tempo...
Tão distraídas...
Simone Tavares.
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